SEJURI – Secretaria de Estado de Justiça e Reintegração Social

SOE: a força que mudou a história das escoltas de alta complexidade em Santa Catarina

De estrutura improvisada a referência nacional: como o Serviço de Operações e Escolta transformou o sistema prisional catarinense

O Setor de Operações e Escolta (SOE) da Polícia Penal de Santa Catarina surgiu como resposta a uma necessidade urgente: dar eficiência, técnica e segurança a operações sensíveis fora das unidades prisionais do estado. Criado a partir da antiga Gerência de Escolta e Vigilância (GEVIG) do Departamento de Administração Prisional, hoje, o grupamento é considerado uma força de referência da Polícia Penal, atuando com protagonismo em escoltas de alta complexidade e situações de crise.

Crédito: Jaqueline Noceti

Durante muito tempo, as escoltas de presos para outros estados e audiências de alto risco eram feitas sem equipe própria, quase sempre com o apoio de outras forças como a Polícia Militar. As viaturas saíam das unidades e os deslocamentos mais críticos, como os de lideranças de facções, contavam com o reforço tático de batalhões especializados de outras forças. Faltava ao sistema um grupamento técnico, com doutrina própria e capacidade de agir com autonomia e eficiência na parte de escoltas de alta complexidade.

Essa realidade começou a mudar por volta de 2016, quando um grupo de servidores enxergou o potencial de criar algo maior. Inspirado no modelo do estado do Rio de Janeiro – onde o SOE já era referência nacional –, nasceu em Santa Catarina o projeto que daria origem ao atual Serviço de Operações e Escoltas da Polícia Penal.

A estrutura atual conta com 22 operadores selecionados por um curso rigoroso, batizado de “Águia de Osso”. O primeiro curso contou com operadores de Santa Catarina em busca de conhecimento em outras unidades do estado e formou quatro participantes. Já o terceiro curso teve 480 inscritos, mas apenas 23 foram formados. “O curso foi puxado. A gente sabia que precisava de gente com alto desempenho físico, técnico e mental. Não dava pra aliviar”, relembra Rafael Zaba, um dos precursores do SOE.

Além da rotina operacional, o SOE catarinense também se destacou pelo intercâmbio com forças de outros estados e instituições federais. Operadores foram enviados para capacitação em cursos fora de Santa Catarina, e, em contrapartida, o estado passou a receber agentes de todo o país em suas formações – inclusive do sistema penitenciário federal.

Essa troca de experiências ajudou a consolidar a doutrina do grupo, com técnicas adaptadas à realidade local, mas em sintonia com os melhores padrões de atuação do Brasil. “A gente bebeu da fonte certa, sem atalho, e construiu algo nosso, com a nossa identidade”, afirma Zaba.

Capacitação constante e resultado prático

A base de tudo sempre foi o investimento na qualificação técnica do Policial Penal. Desde o início, a prioridade foi preparar operadores com conhecimento realista sobre os maiores desafios enfrentados no país. Por isso, o Rio de Janeiro — estado que já enfrentou inúmeras tentativas de resgate e emboscadas contra comboios prisionais — foi escolhido como referência.
“Fomos até lá para entender a metodologia deles e adaptar o que fosse possível à nossa realidade. Claro que o Rio não é Santa Catarina, mas muitas técnicas de combate e protocolos de segurança podem ser ajustados. E foi o que fizemos”, explica Zaba.

O resultado é expressivo: mesmo realizando operações de alta complexidade, com transporte de presos de facções para outros estados e atuação em momentos de tensão, o SOE catarinense nunca registrou uma baixa nem perdeu o controle em nenhuma de suas ações. A capacitação virou referência, e o modelo de formação passou a ser buscado por outros estados e órgãos.
Com preparo, técnica e identidade própria, o SOE segue consolidado como um dos principais braços operacionais da Polícia Penal de Santa Catarina — símbolo de disciplina, segurança e profissionalismo no sistema prisional.

Mais que um grupamento especializado, o SOE é hoje um dos pilares da segurança fora das unidades prisionais de Santa Catarina — atuando com técnica, preparo e disciplina em missões que exigem o mais alto nível de comprometimento.

Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support